quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Diário

Uma folha em branco ao lado de uma caneca cheia de lápis que, com suas pontas para cima, parecem lanças em repouso numa tribo invisível. E o silêncio de uma manhã que não começou.

Um passeio rápido pelas notícias deixa claro: tudo escuro.

Talvez não... não sei... entendo pouco de economia e é difícil confiar em qualquer um desses spin doctors que falam o tempo inteiro, sempre dando curva e nó em pingo d'água. Sempre deformando os fatos para caberem em suas teses.

Gosto das palavras. E do silêncio. Por isso me chateia quando não nos deixam confiar nelas, quando não dão espaço a ele.

É frustrante quando situações cada vez mais complexas geram atitudes cada vez mais simplistas. Há quem associe esse descompasso ao imediatismo das redes sociais. Será? Não sei... acho que rola também uma preguiça e falta de noção que se expressam ali por conveniência mas são naturais das pessoas. Ainda mais quando estão assustadas. E como me parecem assustadas as pessoas no momento!

Ok, ok, menos... talvez seja essa gripe fora de época que me deixa a fim de ficar na minha, em silêncio. É possível silêncio ou, nesses dias demasiado barulhentos, ele é um buraco n'água?

Tento imaginar como seria tal buraco enquanto observo o redemoinho de água prestes a descer pelo ralo da pia enquanto preparo o chá nesta manhã que nem começou.

Gosto das palavras e dos silêncios dos poetas. Dia desses, passou por meus olhos, novamente, este poema do Hans Magnus Enzensberger. Coincidência?




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