Uma
folha em branco ao lado de uma caneca cheia de lápis que, com suas pontas para
cima, parecem lanças em repouso numa tribo invisível. E o silêncio de uma manhã
que não começou.
Um
passeio rápido pelas notícias deixa claro: tudo escuro.
Talvez
não... não sei... entendo pouco de economia e é difícil confiar em
qualquer um desses spin doctors que
falam o tempo inteiro, sempre dando curva e nó em pingo d'água. Sempre
deformando os fatos para caberem em suas teses.
Gosto
das palavras. E do silêncio. Por isso me chateia quando não nos deixam confiar
nelas, quando não dão espaço a ele.
É
frustrante quando situações cada vez mais complexas geram atitudes cada vez mais
simplistas. Há quem associe esse descompasso ao imediatismo das redes
sociais. Será? Não sei... acho que rola também uma preguiça e falta de noção
que se expressam ali por conveniência mas são naturais das pessoas. Ainda mais
quando estão assustadas. E como me parecem assustadas as pessoas no momento!
Ok,
ok, menos... talvez seja essa gripe fora de época que me deixa a fim de ficar
na minha, em silêncio. É possível silêncio ou, nesses dias demasiado
barulhentos, ele é um buraco n'água?
Tento
imaginar como seria tal buraco enquanto observo o redemoinho de água prestes a
descer pelo ralo da pia enquanto preparo o chá nesta manhã que nem começou.
Gosto
das palavras e dos silêncios dos poetas. Dia desses, passou por meus olhos,
novamente, este poema do Hans Magnus Enzensberger. Coincidência?
Tão lindo esse intimismo...
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